A puberdade pode ser definida como o momento a partir do qual o animal tem capacidade de se reproduzir, o que nos machos traduz-se com o início da produção espermática. Na maioria dos carneiros, a idade à puberdade depende do peso, nutrição, raça e fatores ambientais e, normalmente, é atingida entre 5 e 9 meses de idade. Embora a puberdade tenha sido atingida com essa idade, o carneiro só deverá ser considerado um reprodutor após atingir a maturidade sexual, ou seja, após aprender o comportamento sexual inerente à espécie.
Comportamento sexual
Ao observar o comportamento sexual da espécie, pode-se manejar o rebanho de maneira a diminuir possíveis falhas na reprodução por determinadas características comportamentais inde-sejadas e otimizar a monta, facilitando outras características desejadas e também utilizar uma correta proporção macho x fêmea.
Algumas características comportamentais dos ovinos:
u Ovelhas x borregas: Ovelhas maduras, em cio, formam um grupo ao redor dos machos, mantendo-se próximas a eles, ocupando grande parte do tempo. Como consequência, as borregas que não formam esses grupos e geralmente são subordinadas às ovelhas adultas, têm menor probabilidade de serem cobertas, se estiverem no mesmo lote das adultas. Por isso, as borregas requerem maior proporção de machos do que ovelhas adultas e devem, preferencialmente, ser acasaladas em lote separado das ovelhas.
u Predileção do macho: Em um grupo de ovelhas em cio, determinadas fêmeas irão receber mais atenção do macho do que outras, gerando competição entre elas e deixando de cobrir algumas fêmeas. Além disso, o reprodutor tem preferência por ovelhas da mesma raça ou semelhantes a ele.
u Dominância entre os machos: Machos dominantes impedem os submissos de cobrir as fêmeas. Se o dominante for um carneiro de baixa libido e/ou estiver com o sêmen ruim, as taxas de fecundação e, consequentemente, de parição não serão satisfatórias - mais uma grande justificativa para que se realize o exame andrológico antes da estação de monta.
Os carneiros formam uma escala de dominância sexual, que é a mesma que a observada na competição pela ração, sendo a última de mais fácil identificação.
Geralmente, os machos subordinados, ainda que separados do dominante, têm seu comportamento sexual reprimido (menos montas e menos ejaculações).
u Comportamento entre machos: Carneiros que são mantidos juntos podem apresentar comportamento homossexual, o que dissemina epididimite (brucelose ovina) e afeta temporariamente o comportamento sexual com as fêmeas - fora da estação de monta, mantenha os reprodutores separados ou pelo menos os mantenha próximos às ovelhas.
Relação macho x fêmea
A melhor proporção macho:fêmea depende da idade das fêmeas, circunferência escrotal, idade e tamanho dos machos, além da topografia do terreno. Se o carneiro for saudável e fértil, e não houver restrição geográfica, um carneiro pode cobrir de 50 a 60 ovelhas. No caso de borregas, essa taxa deve ser reduzida entre 25 e 30 fêmeas; e no caso de machos novos (1 ano de idade), a taxa também deve ser reduzida.
Identificação de cio
Durante a estação de monta, é interessante usar alguma técnica que identifique a monta ocorrida. Para monitorar as coberturas que ocorreram e as que deixaram de ocorrer, pode-se usar pintura do peito do reprodutor ou o auxílio de um buçal marcador.
A cor da tinta deve ser trocada a cada 15 dias para identificar as repetições de cio. Por exemplo, pode-se usar a sequência: amarela, azul e vermelha (totalizando 45 dias de monta).
Estresse térmico
Temperaturas elevadas por mais de 4 dias durante a estação de monta interfere na libido, na qualidade espermática e no número de montas, sobretudo, em raças exóticas cuja maioria das raças é utilizada para produção de carne no Brasil.
O ideal é que os carneiros entrem em monta com um centímetro de lã, para evitar o estresse térmico.
O estresse térmico é um dos principais problemas que pode comprometer a monta e não é difícil, ao fim da monta, encontrar degeneração testicular temporária, facilmente identificada pela consistência flácida dos testículos. Por isso, é aconselhável o uso da cobertura noturna, em que carneiros só serão expostos às fêmeas no fim da tarde e durante a noite e retirados do lote pela manhã. Durante o dia, os carneiros ficam em repouso em local sombreado e fresco.
Escore de condição corporal
Durante a monta, os carneiros irão diminuir a ingestão de alimentos e aumentar o esforço físico, consequentemente, perderão peso e escore corporal.
Novamente a cobertura noturna facilita o manejo, possibilitando uma suplementação adequada aos reprodutores durante o dia, para trabalharem à noite.
Déborah Assis Barbosa é médica-veterinária da ANPOVINOS (SP), do Confinamento Onda Verde, especialista em produção de ovinos e facilitadora de Oficina Sebraetec. Artigo já publicado em Farmpoint.com.br.
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