Começou bem o ano de 2009, quando se pensava que haveria uma quebradeira generalizada no setor da ovino-caprinocultura. Como já prognosticado, cada momento de crise econômica serve para purificar objetivos e corrigir manejos. Ao invés de produzir apenas carros de luxo, as montadoras pensam em instalar uma linha de veículos populares. A Índia produz a mesma geladeira há mais de 50 anos - e continuará nessa linha até que todos os pobres tenham condição de ter uma. O mesmo acontece com remédios, equipamentos eletrônicos, etc. É preciso pensar no mercado interno, no mercado real, palpável, e não apenas na elite que concentra a riqueza de uma nação. É um bom exemplo para o Brasil.
No momento de crises a melhor solução para um pecuarista é pagar as contas com animais de corte. Qualquer criador de Nelore de elite mantém um grande rebanho de animais mestiços para corte! Ou seja, antes de tudo, é preciso ter o pé na produção, no chão.
Este é um momento feliz para a ovino-caprinocultura, pois - dentro da FEINCO - já se noticiavam vários casos de criadores associando-se para instalar pequenos frigoríficos e explorar marca própria de carne. Esse é o caminho: produzir carne, explorar os nichos, consolidando polos produtores. O estado de São Paulo conta com 19 núcleos em pleno funcionamento. A crise atinge o setor de elite, pois a alta genética é um filão para poucos; é uma tarefa sacerdotal, quase uma missão.
Apesar de tudo, existe a certeza de que o país está rumando para ter o maior rebanho comercial do planeta e venha a ser o maior exportador de carne e de animais vivos! Não é demais, pois o Brasil já conseguiu o mesmo para os bovinos.
Tudo deveria começar pelos extremos: pelo Nordeste e Rio Grande do Sul, ou seja, pelos deslanados e lanados. Agora, em meio à crise internacional, vem o ano eleitoreiro e o Governo irá torrar milhões para garantir sua campanha: é o momento de os políticos regionais assumirem, de verdade, o chão em que pisam, exigindo uma fatia da dinheirama para impulsionar a atividade que dá dignidade ao pequeno e médio produtor. Ovinos e caprinos são a redenção do Nordeste, tanto quanto podem ser para tantas outras regiões. É hora de pisar firme diante do Governo.
O Rio Grande do Sul e o Nordeste já mostraram incrível competência, espalhando animais pelo país inteiro. Entidades reuniram esforços, o Sebrae está em todos os eventos, as Câmaras Setoriais multiplicam-se, os pequenos animais já constituem um notável filão alternativo de geração de renda para o campo no Sudeste, Centro-Oeste e Amazônia - só tendendo a crescer muito mais.
É hora de arregaçar as mangas e exigir atenção dos políticos: com o dinheiro governamental, com crédito justo para o homem do campo, sem paternalismos, o Brasil poderá contar com mais um grande trunfo para sua balança comercial. É hora de pisar firme diante dos deuses que imperam nos corredores dos palácios governamentais!
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