A ovelha e sua criação remontam os primórdios da humanidade sendo, desde a.C., fonte de subsistência e renda para as famílias que as possuíam. Já neste período da civilização, os clãs extraiam lã, carne e leite, não só para o consumo de seu grupo e para confecção de suas vestes, mas também como matéria-prima de comercialização, ou seja, “sistema de troca” (modalidade mais comum naquela época) com outros clãs por animais, sementes ou produtos.
De lá para cá, a ovinocultura consolidou-se em diferentes continentes, exercendo forte influência nas economias locais e importante fonte de renda para seus proprietários. Para que isto acontecesse, muitas técnicas de manejo foram aperfeiçoadas e principalmente novas biotécnicas de reprodução foram desenvolvidas e implementadas.
Técnicas como a inseminação artificial (IA) estão sendo mais dominadas, otimizando o uso de reprodutores e incorporando genéticas melhoradoras nos rebanhos.
No Rio Grande do Sul, com a crise da lã no final da década de 80, o uso da IA foi diminuindo, restringindo-se a um pequeno número de propriedades visionárias que sabiam e acreditavam que a disseminação de uma mesma genética melhoradora numa grande população de fêmeas só era possível com o uso desta biotecnologia. Sem contar ainda com os benefícios da uniformidade dos nascimentos, padronizando os cordeiros, e também do valor agregado nos reprodutores PO e/ou PPC vendidos para uso em monta natural.
Na atualidade, nota-se uma retomada de interesse em fomentar e reestruturar projetos de inseminação artificial em ovinos, não só pela revalorização da ovelha, mas também pela visão mais empresarial que os criadores vêm dando a esta atividade.
A transferência de embriões (TE) também vem sendo bastante utilizada em animais de elite, podendo multiplicar o número de produtos de uma mesma fêmea num curtíssimo espaço de tempo, ou seja, pode-se estimulá-la, através de hormônios, a produzir 8, 10, 12 até mais produtos em um ano.
Isto acelera a produção de animais melhoradores e também garante a existência desta genética em maior quantidade, evitando que, por algum motivo indesejado (roubo ou morte por alguma enfermidade), acabe perdendo-se esta genética diferenciada para sempre.
O consumo dos produtos e subprodutos da ovelha vem crescendo e ocupando espaço definitivo no dia-a-dia das pessoas. Sendo assim, é necessário incrementar cada vez mais os processos de produção, aumentando taxas de natalidade, desmama e reduzindo taxas de mortalidade de cordeiros.
O criador que planeja e executa sua criação de ovelhas de forma estratégica, utilizando biotécnicas de reprodução de forma correta, com bom assessoramento técnico e com metas bem definidas, terá o sucesso de seu empreendimento garantido. A ovinocultura sempre foi, e sempre será, uma importante atividade para os criatórios, para a economia das regiões, dos Estados, enfim, de todo o país.
Arthur Fischer Neto é médico-veterinário, especialista em biotecnologias da reprodução de ovinos e caprinos, mestrando em reprodução animal na UFRGS.
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