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De grão em grão se tem milhão

- 08/12/2009

O último Censo Agropecuário criou confusão nos palácios governamentais e também nos grandes empreendimentos do agronegócio brasileiro. O Censo diz que a pobre agricultura familiar ocupa apenas 24,3% - ou 80,25 milhões de hectares - da área agrícola, mas é responsável por:

- 87% da produção nacional de mandioca,

- 70% da produção de feijão,

- 46% do milho,

- 38% do café,

- 34% do arroz,

- 58% do leite,

- 59% do plantel de suínos,

- 50% das aves,

- 30% dos bovinos,

- 21% do trigo,

- 16% da soja,

- toda produção de ovinos e caprinos.

 

Mesmo com tamanha importância social, o valor médio da produção anual da agricultura familiar foi de minguados R$ 13,99 mil. Minguado dentro da porteira, mas um incrível peso econômico, ocupando mais de 80% das propriedades, sendo responsável por 10% do PIB nacional.

Até aqui, tudo bem, mas acontece que a agricultura familiar poderia fazer muito mais, se tivesse mais terras e mais recurso público para suporte de suas atividades. Recebeu apenas 13 bilhões de reais em 2008, enquanto o Governo destinava cerca de 100 bilhões para o agronegócio! Para entender melhor, basta considerar que - se o Governo retirar os 100 bilhões que dá para o agronegócio - a atividade provavelmente irá à falência, mas o mesmo não aconteceria com a agricultura familiar, já acostumada com vacas magras.

Há, então, um profundo descompasso entre o discurso governamental e o homem do campo. Por um lado, o Governo ajuda o agronegócio e também o MST (Movimento dos Sem Terra) e, por outro, deixa de ajudar os que estão produzindo os alimentos do povo! O Governo se esquece que produzir comida é uma arte; é preciso saber e gostar de fazer isso. Exige presença contínua, proximidade com as culturas, cuidado de artesão. O grande agronegócio não exige o “saber fazer” típico da agricultura dos pequenos. 

 

 

 

A Venezuela, dominada secularmente por latifúndios, não é autossuficiente em nenhum produto da cesta básica. Exporta petróleo para comprar comida. Chávez, ao chegar ao poder, tem insistido em criar um campesinato, mas não consegue. Também no Brasil, não se transforma um militante do MST em agricultor! Por isso a Reforma Agrária não está “reformando” nada. “Reformar” significa entregar mais terra para quem já tem sucesso produzindo alimentos em sua propriedade familiar. “Reformar” significa direcionar mais crédito para a propriedade familiar de quem produz, de verdade! Enfim, não se “reforma” o que nunca foi sequer “formado”. A história prova que só é fazendeiro quem tem tradição para seguir.

Da maneira que segue, o Brasil está esvaziando o campo dos legítimos e tradicionais profissionais familiares que têm a arte de plantar e produzir comida. Se um dia eles desaparecerem, o povo brasileiro na sua totalidade irá passar fome.

O pior é que o Censo diz que a agricultura familiar, desestimulada, já prefere o bem-viver da cidade. São tantas as leis, principalmente as ditas “ambientais” que levam desestímulo ao produtor que muitos são obrigados a parar. Assim, a concentração da terra aumentou e diminuiu o espaço dos pequenos que poderiam transformar o Brasil no maior celeiro de alimentos do mundo!

O Brasil, país da extorsão oficializada em forma de impostos, pode ficar alimentos e país sem alimentos é berço natural para revoluções. O horizonte é cinzento, por enquanto. Continuando como está, o povo brasileiro vai aprender a comer soja, chupar cana e beber etanol, num futuro próximo - dizem os sociólogos.

 

Caprinos e ovinos - Por outro lado, a derrocada da renda nas propriedades familiares tem permitido o crescimento de  produção de carne de ovinos e caprinos. Surgem frigoríficos em vários Estados; empresários arregaçam as mangas, pois enxergam que podem produzir tudo que vem sendo importado. Como bônus extra, os empresários rurais poderão exportar carne de um rebanho que pode ser igual ou superior ao de bovinos (207 milhões de cabeças). Para tanto, o rebanho ovino e caprino precisa ser multiplicado por 10: uma formidável chance de ganhar dinheiro.

Não existia essa atividade, de forma organizada e, mesmo agora, ela está apenas engatinhando, mas já se vislumbra um fantástico mercado interno e externo para a carne ovina e caprina. No Estado de São Paulo, dezenas de empresários abandonaram seus rebanhos de elite, multiplicando os animais para produção de corte. Se, antes, tinham 100 ovelhas, agora passam para 500 ou 1.000. Trata-se de cria­ção com alta tecnologia. Instalações prontas que estavam desativadas: haras, granjas de aves, galpões leiteiros, etc.

O mesmo acontece em outras regiões: a propriedade familiar só tem a lucrar com ovinos e caprinos. Como o frango, a carne ovina e caprina deverá chegar às panelas das famílias comuns e, a seguir, aos apreciadores de iguarias. Rapidamente, a carne estará chegando em todas as mesas, com o melhor sabor que distingue os ovinos e caprinos em todo mundo. Afinal, carne de cordeiro e cabrito é iguaria, para comemorações solenes no mundo inteiro.

Há uma longa estrada a ser percorrida, muita tecnologia a ser incorporada, muita pesquisa a ser realizada, mas tudo é pouco, se houver um mínimo de boa vontade por parte das autoridades do país. O Censo provou: a propriedade familiar merece todo respeito do mundo... e crédito! Em boa parte delas, logo estarão caprinos e ovinos. O exemplo de São Paulo é bastante eloquente, como se vê nesta edição, assumindo o papel de locomotiva.

Cada pequena propriedade é um grão, mas de grão em grão se faz um milhão!

 






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