n  A marrada vem de berço

Dar marradas é tanto um comportamento natural quanto aprendido entre os ovinos. Ter a cabeça sempre pronta para marradas é uma característica genética que relembra os tempos em que as ovelhas corriam livremente pelos campos e que continua em voga na modernidade. Uma vez que apenas os machos dominantes conseguem o direito de acasalar com as ovelhas, os carneiros jovens crescem vendo lutas e aprendendo a lutar para ganhar este privilégio. Dar marradas é disputar um espaço pela própria sobrevivência em grande parte de espécies de seres viventes. Todos querem ser vencedores, mas o único jeito de escolher o melhor entre os melhores é partir para as marradas.

n  Marradas do namoro

O clássico festival de cabeças espoucando entre machos acontece mais durante a época que precede o início da atividade do estro em ovelhas. Os machos sabem que está chegando a hora do acasalamento e que apenas os mais aptos serão escolhidos. As ovelhas escolherão apenas os campeões de marradas. Por outro lado, a natureza é sábia: os constantes torneios de marradas são uma forma de os carneiros garantirem uma esplêndida forma física para suportar a longa sequência de dias de acasalamentos. Ao mesmo tempo, os campeões são os mais fortes e, assim, deixam claro quem é que manda na região. As marradas determinam a hierarquia de dominância.

n  Colocando ordem na casa

Os carneiros são tipicamente animais que vivem em bandos. Não pode existir um bando sem um comandante. Por isso, os machos tentam estabelecer uma certa ordem social por meio de cabeçadas, cutucões com os chifres, empurrando os ombros, bloqueando e montando os mais fracos. É uma maneira de deixar claro que existe um comandante em ação. Muitas vezes, um campeão parece estar vencido, e vai se afastando, mas - de repente - ele dispara em alta velocidade contra o adversário, marrando cabeça contra cabeça, provocando um estrondo grande. Pacificamente, por perto, as fêmeas parecem estar sempre sorrindo, vendo que os machos estão cumprindo o papel que lhes foi designado pela natureza.

n  Esfriandoo brutamontes

Os carneiros começam a dar marradas em uma idade muito jovem. Eles já nascem sabendo que, um dia, vão ocupar um espaço no cenário por conta da potência de suas marradas. Então, não existe uma maneira de evitar que eles pratiquem marradas.

Para desencorajar as marradas, uma pessoa não deve coçar, bater ou acariciar um carneiro na cabeça. O carneiro acredita que as carícias ou alisamentos na cabeça são um claro desafio para o esporte ancestral e dá início a um comportamento agressivo. De repente, o carneiro enxerga na pessoa que está coçando sua cabeça, apenas mais alguém que faz parte do bando e, sendo do bando, precisa ser dominado.

Não importa o tamanho do animal. Ele pode ser pequeno, mas também o único macho por perto e, então, vai partir para marradas, para segurar sua posição dominadora.

Geralmente, a pessoa alisa a cabeça do macho. Este parece gostar e empurra suavemente a pessoa que é, então, tentada a tentar frear o macho. Não conseguindo frear o animal, tenta forçar a cabeça. Tudo piora, pois o animal empurra ainda mais. O jeito, então, é dar socos na cabeça do carneiro. Chegou o momento mágico para o carneiro que, então, vai mostrar que é o campeão. Vai ganhar alguns palmos de distância e partir para a marrada. Que vença o melhor!

n  Jamais dar as costas para o inimigo

Não importa o quão amigável um carneiro possa parecer, ele nunca é confiável, quando se trata de marradas. Não convém acreditar num carneiro! Os hospitais estão cheios de vítimas de marradas inocentes. As marradas podem ser inocentes, sim, para o campeão, mas não para uma pessoa! O certo é que jamais alguém deve virar as costas para um carneiro.

Compare o carneiro com um guerreiro: ele pode causar sérios danos a você e a qualquer outro companheiro do lote. Carneiro adora uma briga de marradas e vai adorar quando uma pessoa inexperiente der o sinal de largada, coçando a cabeça dele. Se você quer coçar, então, boa sorte!

O sertanejo debocha do inexperiente dizendo que sofreu uma “gaitada”, que é um safanão de carneiro. A “gaitada”, porém, pode custar caro.