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A REDENTORA ROUPA DE BODE

- 05/02/2011

Muito antigamente todos se ves­tiam com peles de animais e preferiam as de ovelha, por ser um animal abundante na na­tureza e de fácil captura.

O sucesso das pessoas, das tribos, dos reinos, estava muito ligado ao bom re­la­cionamento com Deus e, então, o que surgisse como inspiração divina era logo adotado por todos.

O Velho Testamento judaico pregava que, uma vez por ano, todos deveriam expiar seus pecados, para que o reino contasse com a boa vontade de Deus. Para isso, em cerimônia pública, todos os pecados eram remetidos para um bode que, depois, era solto no deserto, pa­ra sofrer injúrias e obter o perdão pelos pecados dos humanos. Era o “bode ex­piatório” que sofria pelos humanos. Jesus Cristo, mais tarde, substituiria o animal, tornando-se Ele mesmo, um novo bode expiatório, pagando na cruz pelos pecados humanos.

Antigamente, portanto, os pecados estariam “grudados” na pele do animal en­viado ao deserto. Por que o bode? Porque ele tinha força e tenacidade para carregar tantos pecados e ainda permanecer vivo, expiando-os. O bode, com sua roupagem, salvava os humanos!

Ora, se o bode podia suportar o ataque de tantos pecados, por que não vestir as pessoas pecadoras com roupa de bode, para obter o perdão? Pensava-se que, assim, os pecados poderiam ser rebatidos pela roupa especial. Surgiu, então, um novo costume: toda vez que surgisse ocasião de pecado ou crime, a pessoa deveria usar uma roupa-de-bode!

A roupa-do-bode, ou do sacrifício, passou a ser compreendida como uma espécie de talismã, ou escudo contra pecados que poderiam vir de fora. Para se defender das injúrias do mundo: mal olhado, inveja, concupiscência, ganância, luxúria, etc. - bastava vestir uma roupa-de-bode e o assalto não teria bom resultado.

Rapidamente, o costume evoluiu e os mercadores, autoridades, etc. - para realizar bons negócios - sempre iam vestidos com roupa-de-bode por baixo da vestimenta rica e vistosa.

Muitos imperadores e autoridades, quando iam a reuniões turbulentas, ou iam assinar leis perigosas, vestiam roupa-de-bode! Evitavam, assim, más in­fluên­cias e toda sorte de pecados.

 

Na Bíblia

 

A roupa de bode-era-chamada de roupa-de-saco (“sackcloth”), devendo ser utilizada com cinzas, ou areia, para pe­nitenciar a carne, principalmente em ocasiões de luto ou de grande sofrimento. Era época de peste, ou de guerra próxima? Era hora de vestir a pele de sa­cri­fício!

Para melhorar o desempenho como escudo, a roupa-de-bode teria mais valor se mantivesse os pelos que fustigavam a pele humana durante o dia. Quanto mais sofrimento, melhor!

A Igreja percebeu que muitos “santos”, principalmente em mosteiros, ou desertos, vestiam roupa-de-bode, mortificando a carne, evitando pecados. Era mesmo comum entre monges, sendo até motivo de vaidade entre eles - o que foi censura por parte de alguns comentaristas.

A citação mais antiga está em Salmos 34:13, tendo sido traduzida e adotada pela Bíblia atual, tanto romana como anglicana.

Santo Agostinho conta que, em seu tempo, os candidatos a batismo tinham que mostrar os pés nus e usavam roupa grosseira. Na Semana Santa, muitos usavam a roupa-de-bode.

São Jerônimo menciona que homens ilustres usavam, sempre, a roupa-de-saco por baixo das roupas caras. Santo Atanásio, São João Damasceno, Theodoret, e muitos outros também citam a vestimenta. Cassiano desaprova a roupa-de-bode, pois diz que podia ser sinal de vaidade dos monges e acabava atrapalhando o trabalho manual.

Muitos nomes famosos usaram roupa-de-bode: Thomas Becket; São Pa­trício; Henry-IV, Imperador de Roma e rei da Germânia; Catarina de Aragão; Tho­mas More. Diz-se que Madre Teresa, Pa­dre Pio, Oscar Romero, Aleksandr Solz­henitsyn também vestiam roupa-de-bode.

 

Cilício

 

Outro nome para a vestimenta do sacrifício é “cilício”, indicando que a origem do costume pode estar na Cilícia, onde deveria ser uma vestimenta comum. Afinal, na antiguidade, usava-se o que era possível e ninguém iria recusar uma roupa feita com pele de caprino!

O costume ficou em uso até 1960, tendo passado por milênios de aprovação, tanto por papas, bispos, e por autoridades de muitas religiões. Afinal, era uma maneira de seguir Cristo, ou Deus, pois permitia dominar as tentações da carne.

Hoje, algumas poucas ordens religiosas ainda aconselham o cilício, enquanto muitos comentam que é uma roupa mais comum do que se imagina. Alguns dizem que era costume anti-higiênico e que, por isso, hoje precisa ser rejeitado; mas cabe lembrar que a higiene moderna é outra. O que os antigos fizeram não precisa ser seguido à risca, hoje, pois as próprias ideias já foram mudadas.

 

Na Inglaterra

 

Um dos casos mais famosos é o do rei Henrique-II, que unificou boa parte da Britânia, no séc. XII. Era rei da Inglaterra, Normandia, Anjou (França), Gas­co­ny (França), Maine (França), Acqui­taine (França) e Irlanda. Ele fazia justiça, percorrendo várias cidades, pregando leis severas. Quando um juiz tomava uma decisão, esta poderia e deveria ser repetida em todos os julgamentos semelhantes. Por isso tornou-se conhecida como Lei Comum. Quando o caso era com­plicado exigia mais e Henrique-II inventou o Grande Júri. A completa estrutura legal dos Estados Unidos e Reino Unido, levada para todo mundo ocidental, foi implantada, portanto, por Henrique-II.

O rei, todavia, era feioso, comprido, de cabelo vermelho, sempre em movimento, só se sentava para comer ou quando montava um cavalo. Os atenden­tes tinham que correr para poder acom­panhá-lo. Não gostava de aparências; vestia-se como caçador e não como rei. Não ficava parado, nunca. Odiava cerimônias. Ele investiu contra os tiranetes locais que haviam se apoderado de terras e exploravam os plebeus. Quebrou as leis dos mesmos, determinou os direitos feudais, estabeleceu uma única fonte de autoridade, uma única taxação, um único exército, uma lei única, uma única Corte Real.

Quando precisava de alguma ajuda, contava com Thomas Becket, seu conselheiro e chanceler, em 1154. Becket chegou até a comandar o exército em algumas batalhas, em nome do rei.

O tal Becket gostava de comidas finas, bom vinho e roupas vistosas. Parecia tudo, menos padre! Nesse tempo, a Igreja e o Rei atuavam juntos contra a desordem social. Não disputavam a primazia da autoridade. Muitos criminosos preferiam ser julgados pela corte da Igreja, pois esta não utilizava execução ou mu­tilação. Os clérigos criminosos, mesmo sendo assassinos, recebiam apenas “punição espiritual”.

Quando Henrique-II nomeou Thomas Becket como Arcebispo de Canterbury começou a guerra entre ambos. Becket, espertamente, para mostrar humildade, começou a lavar pés de 13 pessoas, todos os dias, pagando 4 “pennies” de prata para cada um. Também passou a vestir roupa monástica; dormia em travesseiro de pedra; vestia uma roupa de pele de caprino muito apertada (roupa-de-bode), infestada de pulgas e era açoitado pelos monges a seu serviço. Para ele, as terras da Igreja não deviam impostos a Henrique. Por uma década, cartas, resoluções, ordens e tratados foram escritos: sempre tentando resolver a situação, mas Becket não desistia.

O rei queria criminoso sendo julgado como tal, mesmo se fosse um religio­so. No começo Becket aceitou, mas depois voltou atrás e Henrique acusou-o de traição.

Em 1164 surgiu um conflito de terras do Arcebispado de Canterbury e Henrique-II pediu que Becket viesse para julgamento na corte. Becket recusou. O rei confiscou sua propriedade e o bispo re­solveu fugir para a França.

Quando Becket retornou da França excomungou vários clérigos e bispos que haviam dado apoio a Henrique, que apostrofou: “Não há ninguém para me livrar desse bispo turbulento”?

No auge do atrito, Thomas queria excomungar Henrique que reagia, então, com extrema violência.

Nessa ocasiáo, quando o rei Hen­ri­que-II foi encontrar o bispo Thomas Be­cket, na Campina do Traidor, este zombou do rei, vestindo uma roupa-de-bode. Segundo o costume, era para esconjurar o mal. Deixou claro para o rei que es­tava protegido contra as más intenções reais!

Thomas Becket, então, insistia em que a Igreja deveria mandar mais que o Rei. O caso ficou crítico e o bispo foi as­sassinado dentro da igreja, em 1170. O mundo cristão ficou chocado. O papa aproveitou e canonizou (transformou em “santo”) rapidamente Becket como exemplo de resistência do Poder de Deus diante da monarquia. Apontou Canterbury como o mais importante local de peregrinação no país.

O rei, então, resolveu se penitenciar na tumba do bispo, mas - nessa ocasião - também resolveu vestir a tradicional roupa-de-bode, para evitar qualquer malefício que pudesse vir do além-túmulo! Cancelou, assim, qualque maldição futura.

A pendenga durou pouco, pois - em 1173 - o papa Alexandre-III perdoou Henrique-II do assassinato. O rei, como presente, forneceu 200 homens para uma cruzada e concordou em ser açoitado por 80 monges! E tudo voltou ao normal.

O certo é que a roupa-de-bode teve um relevante papel no relacionamento entre humanos.






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