O zilhão é o que move o país, embora o povo, em boa parte, recebe serviços de tostão. O zilhão, então, é gasto com pouca lógica cidadã. Os exemplos estão por todos os lados:

- o Brasil pagou R$ 531 bilhões em juros da dívida pública nos últimos três anos e, no mesmo período, investiu apenas R$ 35 bilhões na infraestrutura de transporte, ou seja, o equivalente a 6,6% do serviço da dívida. A Índia investiu, em 2010, R$ 505 bilhões o que equivale a 8% do PIB. A China investiu nada menos que R$ 1,8 trilhão, o equivalente a 10,6% de seu PIB. Por sua vez, a Rússia investiu R$ 242 bilhões, ou 7% de seu PIB. O Brasil investiu só R$ 15,4 bilhões, o equivalente a apenas 0,42% do PIB.  Estranhamente, o discurso governamental fala em cres­cimento, apesar de tantos zilhões gastos com pouca lógica cidadã.

- é paradoxal a atual situação da agricultura brasileira, pois ela é teimosamente mantida sob controle de multinacionais, enquanto os agricultores brasileiros não têm acesso aos fertilizantes direto da fábrica. O produtor fabrica zilhões, mas poderia ser muito mais, se o governo liberasse o acesso aos insumos (adubos, fertilizantes, etc.) que estão presos nas mãos de certos grupos internacionais. Zilhões que poderiam ser gastos com mais lógica cidadã, valorizando a classe média rural que está sendo torpedeada há anos.

- os custos da Ferrovia Transnordestina e da Transposição já aumentam bilhões para serem recomeçadas e ninguém sabe onde irão parar. Zilhões que poderiam ser gastos com mais lógica cidadã.

- o decantado Plano Brasil Sem Miséria diz que existem 16,26 milhões na miséria, ou 8,67 milhões urbanos e 7,59 milhões rurais - dos quais 9,6 milhões estariam do Nordeste. Mesmo assim, o Plano deixa um bocado de gente do lado de fora! São bilhões que poderiam ser gastos com mais lógica cidadã, prestigiando a dignidade do cidadão.

- o governo proclama a fabricação de milhões de cisternas que vão estocar água e também provocar hepatite em todo sertão nordestino, enquanto nega a distribuição de vacina para os infectados que já começam a surgir. São milhões que poderiam ser gastos com mais lógica cidadã nesta tragédia anunciada.

- o país aumenta a produção de alimentos, aos trancos e barrancos, mas pessoas continuam passando fome, depois de muitos “Planos” de “fome zero”, “bolsa família”, etc. São bilhões que poderiam ser gastos com mais lógica cidadã, colocando as pessoas para trabalhar a favor da nação, ao invés de permanecer no ócio oficializado.

- o produtor rural quer produzir, mas o governo só admite comprar 14 litros/dia de leite de cabra. E ainda persegue os queijos artesanais. São milhões que poderiam ser gastos com mais lógica cidadã, promovendo o produtor rural.

- muitos outros exemplos poderiam ser dados (na Saúde, na Educação, etc.) de como o Governo gasta muito mal o dinheiro suado arrecadado do próprio povo.

u Caprinos e ovinos - No meio de tantos zilhões que o Governo gasta em dezenas e dezenas de programas “redentores”, surge a caprino-ovinocultura como ferramenta eficaz de colocar em ação o extremo Sul brasileiro e o Nordeste - com incrível lógica cidadã. As fronteiras do Brasil com o Uruguai e Argentina podem manter rebanhos que, facilmente, cheguem a 50 ou 60 milhões de cabeças de ovinos. O sertão nordestino pode incluir outro tanto. Investir em caprinos e ovinos é investir com lógica cidadã. Por isso, a Suíça - tão pequena - tem 353 associações de criadores de caprinos e ovinos - mais que o Brasil inteiro. Lá, os caprinos e ovinos servem para fixar seu povo à terra e dar dignidade ao cidadão.

Ovinos e caprinos fixam as pessoas à terra, defendem a nação, geram emprego, produzem renda. Pequenos abatedouros, pequenos curtumes, pequenos laticínios, centenas de centros de beneficiamento de produtos diversos, a busca do mercado internacional - tudo é francamente otimista com relação aos pequenos ruminantes. O mundo espera que o Brasil produza: o mercado está aberto, só esperando.

Enquanto isso, outros países dispararam na dianteira, com alta tecnologia, cimentando o caminho para os brasileiros. Basta ir buscar a tecnologia de processamento. Tudo está pronto para que os empresários invistam fortemente na atividade que vai ganhando espaço no Brasil. Falta o braço forte do Governo, instituindo cabras e ovelhas como ferramentas da redenção do homem do campo.

O boi tornou-se “ferramenta redentora” por conta própria, sem ingerência do governo, mas levou mais de um século, utilizando as melhores regiões do país. Já caprinos e ovinos podem fazer o mesmo, em regiões de clima não muito amigável, fixando milhões de pessoas, com dignidade, por uma ninharia diante dos zilhões que são gastos “a fundo perdido”.

Vale repetir: investir em ovinos e caprinos é investir com lógica cidadã.

Lógica cidadã é investir no tostão e não no zilhão. O Brasil tem mania do zilhão, da majestade, do “nunca antes na história desse país”, etc. O povo simples, que produz e gera rendimento para o país é do tostão, continua de pires na mão, vivendo de esmolas governamentais quando gostaria de ter um emprego decente ou um preço compatível pelo seu suor. Investir no pequeno e médio produtor rural, já instalados, é a grande ferramenta que ainda não foi acionada com eficácia (lógica cidadã). Eles, o pequeno e médio produtor rural, são a alavanca de qualquer país: é a propriedade familiar. Boa parte poderia ter caprinos e ovinos na propriedade, com certeza.