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O futuro da pecuária está logo ali

Autor: Rinaldo dos Santos - 09/05/2012

Muitos perguntam se vale a pena investir em alta genética, frequentando

exposições e leilões, ou se em produção de carne, como segurança

para o futuro; mas a história da evolução zootécnica diz que há espaço

para todos, a depender apenas da disposição de cada um, no momento.

 

 

 

Ninguém duvida de que a atividade mais importante do planeta é a alimentação, pois sem ela não haveria chance de evolução e a espécie humana sucumbiria. Para que não sucumba, como tantas outras espécies, no passado, é preciso produzir mais e mais alimentos. Isso é possível com o melhoramento gené­tico (de plantas e animais). Essa é a notável diferença entre o ser humano e os animais: o homem aprendeu a fabricar seu próprio alimento. Cada vez mais, o homem vem melhorando sua comida: vegetais e animais. Essa evolução é constante.

Muitos discutem o Melhoramento Zootécnico como se fosse uma coisa permanente, mas não é. A evolução, sim, é permanente, mas cabe ao homem segregar espécies, cruzá-las, acelerar algumas, liquidar outras, etc.. Por isso, há o ditado lembrando que "a única coisa realmente invariável é a variabilidade das coisas".

Isso quer dizer que o momento vivido pela busca dos campeonatos, do brilhantismo das exposições é muito passageiro? Quer dizer que se trata de atividade destinada a poucos, apenas isso.

 

l Primitivismo - A seleção de ovinos e caprinos, no Brasil, está apenas começando, mas em outros países já vai bem adiantada. Por isso, importar sêmen e embriões é uma boa iniciativa, para ganhar tempo, uma vez que aqueles animais foram provados em muitas progênies.

Mesmo nestes países, a produção de carne continua em franca evolução, apesar dos robôs nas linhas de processamento nos frigoríficos. Nem de longe, algum especialista da Nova Zelândia, Austrália, Uruguai, Estados Unidos, Inglaterra, vai dizer que chegaram ao máximo na seleção de animais para produção de carne.

Também a ovinocultura está longe do estágio que já foi atingido pela avicultura e pela suinocultura. Basta observar o seguinte:

- algum produtor preocupa-se em saber quais são os campeões suínos ou frangos em exposições? Nada disso. São coisas do passado.

- alguém se preocupa com genealogia dos principais reprodutores suínos ou galináceos? Nada disso. São coisas do passado.

- alguém se preocupa com os prêmios conquistados pelo superporco ou supergalo? Nada disso. São coisas do passado.

O que interessa ao atual fazendeiro são os reprodutores utilizados diretamente na produção de carne e estes não se distinguem por prêmios, rosetas, leilões, nada disso. Dificilmente algum produtor terá informações a respeito; também poucos zootecnistas poderão dizer algo a respeito. Apenas meia dúzia de geneticistas, dentro de laboratórios, terão maiores informações. A produção de carne não mais depende destas informações primitivistas.

A falta desses dados na produção moderna de carne não indica que sejam criações primitivistas; pelo contrário, indicam que já passaram da fase primitivista. É sinal de avanço.

Os produtores de carne de suínos e de frango sabem que cada geração é melhor que a anterior. Sabem que há ganhos genéticos positivos em cada geração. Sabem que há milhares de pessoas cuidando disso, para não permitir marcha-a-ré na produção. Há segurança máxima para o bem de todos: alguns selecionam, mesmo que dentro de laboratório, para milhares ou milhões poderem produzir, em paz, o alimento tão necessário.

Na raça Holandesa, a cada ano, as vacas leiteiras produzem 5.000 tourinhos que vão para um Teste de Progênie, do qual apenas meia dúzia terá sêmen congelado e vendido no mundo inteiro, como legítimos raçadores (melhoradores). Mesmo assim, as vacas continuam frequentando exposições, ainda, disputando prêmios, para ter a primazia de colocar alguns daqueles 5.000 tourinhos no Teste de Progênie.

Então, o futuro será ditado pelo rigoroso profissionalismo no campo genético, para não haver perda de tempo. Assim como aconteceu com frangos e suínos, irá acontecer com as vacas e, finalmente, com ovinos e caprinos.

 

 

 

 

Continuará havendo seleção zoológica, aliada à zootécnica, para biomas que exigem rusticidade.

 

 

l Beleza racial - Isso quer dizer que as características raciais vão ser abandonadas? Nada disso! Elas serão tão banais, tão normais, que todo reprodutor estará perfeitamente enquadrado dentro do Padrão Racial. Todo melhoramento parte, sempre, de um universo o mais homogêneo possível, pois não se consegue perpetuar (autossustentabilidade) o que não é homogêneo? O vigor híbrido termina no gancho ou no balde; já a pureza racial (genética) prossegue no correr das gerações, conferindo mais confiança justamente à produção de animais híbridos que, estes sim, consti­tuem sempre o aumento de carne ou de leite. Assim, as características raciais estarão vinculadas a fatores de produtividade, distinguindo linhagens a tal ponto que ninguém precisará estar preocupado com detalhes visuais. No exemplo citado das vacas da raça Holandesa, no futuro as exposições poderão ser dispensadas, mas os tourinhos continuarão sendo da raça, com marcadores moleculares, "documentação genética em ordem", garantindo a origem que, por sua vez, garante a perpetuação de boas características de produção.

Quem entra e quem sai na seleção de animais ditos melhoradores? No momento atual, apesar do brilhantismo e modernismo, verifica-se que as próprias entidades de selecionadores adotam iniciativas que são gargalos na própria atividade, reduzindo os adversários que poderiam ser parceiros rumo a um melhor futuro. Os principais gargalos são:

u Registro Genealógico - há mais de 1,0 milhão de propriedades com Nelore, mas apenas 14.000 selecionadores que fazem registro;

u Exposições - dos 14.000 neloristas, apenas 400 são frequentadores de exposições;

u Leilões de campeões - dos 400 neloristas expositores, menos de 50% podem fazer seus leilões, com pompa;

u Testes de Progênie - para escolher "campeões de campeões". Geralmente são escolhidos entre os Grandes Campeões de Exposições Nacionais ou Estaduais, ou seja, poucas dezenas de animais. Poucas dezenas de selecionadores participam.

Então, as entidades, ao invés de prestigiar a totalidade de seus associados, acaba privilegiando apenas os mais dispostos a arriscar dinheiro e, no passar dos anos, o restante, ou seja, a maio­ria prefere se dedicar à produção de carne e não mais à seleção tão cheia de gargalos ou empecilhos.

Afinal, no futuro, a propaganda mostrará as vantagens de cada tipo de carne, de cada região, etc. dispensando comentários sobre raças, uma vez que o "híbrido" fatalmente será um "composto genético" obtido mediante fórmulas aritméticas cada vez mais complicadas.

Acabará a poesia, a paixão, a obsessão pela pecuária? Nada disso, apenas haverá a introdução da razão, cada vez mais, para explicar e enriquecer a paixão. Será o passaporte para sair do passado, do primitivismo, e adentrar no mundo do futuro.

A maioria dos selecionadores irá se dedicar à produção de carne, com máxima tecnologia e lucratividade, deixando a "seleção" para meia dúzia de interessados - que sempre irá existir, cada um com vinculações a laboratórios genéticos, que tratarão de divulgar os melhores reprodutores no mundo inteiro.

 

l Incerteza, ou certeza - Desde Mendel, passando por Bakewell, muito se aprendeu sobre a evolução dos animais domésticos, sobre endogamia, heterose, vigor aditivo, grupos contemporâneos, DEPs (Diferença Esperada na Progênie), marcadores moleculares, até chegar ao Genoma (mapeamento dos genes). Esta incrível procissão de mais de 300 anos na área científica garante que terminou o tempo de prestar atenção em chifres, orelhas, chanfro, pelagem, comportamento, etc. O que passa a interessar são as características de alta herdabilidade na 1ª geração, tendo em vista o aumento de produção de carne (ou leite, ou pele), mantendo ao mesmo tempo o foco na sustentabilidade do negócio e respeito ao meio ambiente.

No futuro, então, cada produtor escolherá algumas "linhagens" e as cruzará, sabendo que o resultado será muito bom. Estas "linhagens", porém, serão fruto de combinações entre as primitivas "raças nativas" de algum país, região, ou bioma. Já há muitos trabalhos genéticos dessa ordem na pecuária de vacas e também de ovinos. Já são comuns em frangos e suínos.

Assim, nenhum pecuarista do futuro terá interesse em analisar o indivíduo, mas analisará apenas o resultado de um grupo familiar (linhagem) e sua possível utilização em seu rebanho. Nesse momento, o nome do animal, a genealogia individual, as premiações não valerão mais nada. Terá acabado o endeusamento, o brilho dos holofotes. É o caminho normal para o progresso, para o aumento da produção de carne, tendo em vista atender um mercado que já passou de 7 bilhões de pessoas no planeta, sendo que alguns bilhões estão passando fome. Então, produzir campeões que não irão aumentar carne nos rebanhos comer­ciais é um disparate que logo irá terminar. Impera a razão!

O mercado terá, basicamente, olhos para três fatores:

v quantidade (produtividade);

v qualidade;

v uniformidade.

Estas três palavras determinam os empresários que serão vitoriosos. Indicam uma indústria que será competitiva no cenário internacional.

A seleção individual, então, irá acabar? De certa maneira, sim, para atender à produção de carne empresarial. Restará, todavia, uma pequeníssima seleção a nível quase de laboratório, como já acontece com os suínos, frangos, e até muitas raças bovinas no planeta. Trata-se da denominada "seleção zootécni­ca", onde se busca o máximo de produtividade, antes de tudo.

Também permanecerá a seleção de sementais para as regiões que exigem ecótipos específicos (raças nativas), pois a sobrevivência em tais ambientes é mais importante que a produtividade indivi­dual. Não é à toa que animais gordinhos e robustos sucumbem mais depressa no Semiárido nordestino, pois ali são exigidos animais que sejam selecionados para atender as exigências de alta rusticidade diante do sol inclemente, da falta de água e da frugalidade. Mesmo esses ecótipos rústicos, porém, poderão ser produzidos em larga escala, por meio de "laboratórios específicos" e distribuídos para muitas regiões similares do planeta. Trata-se da denominada "seleção zoológica", onde se busca a sobrevivência lucrativa, antes de tudo.

No fundo, mesmo com toda tecnologia, a equação da seleção continuará sendo a mesma ditada pela Bioclimatologia, apenas vestindo novas roupagens, a saber:

u o animal lucrativo é a soma de "Região" + Situação.

É esta equação que garante a quantidade, a qualidade e a uniformidade no rebanho do empresário do futuro, esteja onde estiver.






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