Fábrica boa é fábrica pintada, limpa, funcional, econômica, com olho no futuro - assim também é a criação de ovinos e caprinos.
Em roteiro pelo Sertão Potiguar, José Judas Tadeu Pontes e Mário Cardoso de A. Neto ministraram várias palestras, resumindo os principais conhecimentos para garantir sucesso na criação. Aqui estão os principais momentos.
O reprodutor
Os reprodutores precisam ser de origem provada, com linha dorsolombar larga e reta, os aprumos retos e firmes e as costelas bem arqueadas. Seus testículos e escroto são simétricos e bem inseridos.
A relação deve ser 1 reprodutor para cada 30 fêmeas no campo. Já num sistema de monta controlada 1 reprodutor pode servir até 100 fêmeas. Deve-se levar a matriz no cio até o reprodutor, duas vezes, com intervalo de 12 horas.
O que é necessário para funcionar a máquina?
- Forragem de qualidade;
- Leguminosas e gramíneas verdes;
- Leguminosas e gramíneas armazenadas (silagem ou feno) – estratégia e economia.
- Ração complementar (suplementação);
- Mistura mineral (sal comum e outros elementos);
- Água limpa e de boa qualidade.
Como alimentar a máquina animal
As fêmeas devem ser secas antes da entrada do cio (15 dias). O sistema do manejo é mantido por aproximadamente 30 dias e elas são encaminhadas ao campo para passarem 60 a 70 dias. O crescimento fetal está no pico - 70% no terço final da gestação, sendo necessária a suplementação alimentar.
Como proceder com os produtos?
Acompanhar as matrizes no momento do parto (baia maternidade). O corte e desinfecção do umbigo devem ser feitos com uso de material limpo e iodo (10%), 3 vezes/dia por 2 dias.
Como proceder o desmame?
Colocar as crias (machos e fêmeas) juntamente com as matrizes em pastagem verde e se preciso suplementar no cocho até os 60 dias. O desmame deve se feito entre 60 a 70 dias. Quando os animais chegarem a 25-30 kg de peso vivo, o criador separa os machos para venda e as fêmeas para reprodução.
Estrutura das áreas de campo
A estrutura deve ser no mínimo dois cercados na vegetação nativa para as matrizes paridas e não-paridas. Um cercado verde, sempre que possível, para as matrizes prenhes e recém-paridas e também para as crias desmamadas e reservadas para a venda.
Estrutura - áreas de campo
Cochos para suplementação alimentar e água são características no planejamento de estruturas no campo. Neste caso:
- Ração e sal – cocho na sombra.
- Água – cocho no sol.
Nunca colocar cochos de ração, sal ou mistura múltipla no campo desprotegidos da chuva.
Estrutura – Aprisco
O aprisco é um abrigo fechado para os animais jovens, protegendo-os das correntes de vento. Eles têm áreas de sombra (sem sol hora nenhuma) e varredura com cal virgem, uma vez por semana.
Abrigos separados e limpos para todas as categorias. Eles são indicados para:
- Matrizes (baias para maternidade e amamentação);
- Reprodutores;
- Animais jovens (currais coletivos).
Sanidade - verminoses
- Controle das parasitoses : Helmintos e protozoários;
- Método Famacha – tratamento individual (Haemonchus);
- Inóforos – Salinomicina (Eimeria).
A estratégia de vermifugação, além da aplicação, depende de:
- Instalações limpas;
- Fezes retiradas dos arredores das instalações;
- Evitar aglomerados de animais;
- Separar os animais por faixa etária;
- Promover quarentena para animais adquiridos.
Sanidade - mineralização
O uso de minerais, como o enxofre, e principalmente de aditivos ionóforos como a Salinomicina são a principal forma de profilaxia contra a Eimeriose.
Sal comum ................................. 25kg
Micromineral (Suprafós) ................ 1kg
Enxofre ........................................ 250g
Salinomicina ................................ 300g
Fosfato Bicálcico/Farinha de osso ... 3kg
Sanidade - vacinação
- Profilaxia contra as Clostridioses (Enterotoxemia)
Animais jovens (30 a 45 dias) – aplicar 2mL intramuscular e repetir com 30 dias.
Animais adultos – aplicar 2mL i.m. - anualmente.
A perspectiva da vacinação é sanar doenças como: linfadenite caseosa, ectima contagiosa e pododermatite.
Sanidade - tratamentos quimioterápicos
Os tratamentos quimioterápicos são utilizados nas seguintes doenças:
- Doenças respiratórias;
- Linfadenite Caseosa – Mal-do-caroço;
- Pododermatite – Podridão do pé, manqueira, mal dos cascos;
- Ectima contagioso – Boqueira;
- Ceratoconjuntivite.
Sanidade - doenças exóticas ou multissistêmicas
São doenças exóticas ou multissistêmicas:
- CAEV;
- Micoplasmose;
- Maed-visna;
- Scrapie;
- Conidiobolomicose.
Sanidade - principais causas de morte
As principais causas de mortalidade nas crias são:
–Subnutrição;
–Enterites (bactérias e protozoário – Eimeria);
–Broncopneumonias;
–Infecções umbilicais.
Recomenda-se a administração de soro caseiro para reidratação, além dos antibióticos e sulfas no tratamento das diarreias.
Sanidade - acompanhamento no dia-a-dia
Observar:
- Condição corporal dos animais (animais magros);
- Os sinais (se o animal está arrepiado, mancando, por exemplo);
- Presença de bicheiras;
- Se o animal está andando devagar e não acompanha o grupo;
- Fêmeas que abortam ou rejeitam as crias;
- Corte dos cascos;
- Presença de caroços (linfadenite caseosa);
- Ferimentos em torno da boca.
Considerações Finais
O aprisco deve ser suspenso, se assim pode ou é exigido pela região.
Pode-se ver a idade dos caprinos e ovinos pelos dentes.
Os animais são separados por categorias para garantir o bom desempenho na criação.
Quanto à nutrição, colocar a ração aos poucos e continuamente ao longo do dia.
A mistura de S.S.S.F.O.U. é importante para a sanidade animal e o pedilúvio na limpeza da entrada de currais. Deve-se fazer a coleta de fezes para exame quanto à saúde do animal.
O melhoramento do rebanho é feito pela seleção, mantendo a rotina de escrituração (anotações diárias) e o mesmo sendo acompanhado e suplementado.
“O conhecimento empírico do produtor e do tratador jamais deverá ser menosprezado.”
Autores - José Judas Tadeu Pontes; Mário Cardoso de A. Neto - Médicos-Veterinários.
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