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O Poll Dorset da Boa Esperança

Autor: Vera Lúcia Pannebecker - 14/04/2013

Os sucessores da Estância Boa Esperança, fundada por Clarete Torres Barbosa, são os filhos Rossano, Sandro e Ticiane que trabalha com seu esposo Cristiano Duarte (administrador financeiro da Estância).

 

 

Região - A Estância é dividida em duas propriedades: uma no campo de sarandi e outra na localidade de “Catacumbas” próximas a Quaraí(RS), que fica a 210 km de Rosário do Sul (RS). A região de Sarandi é caracterizada por campo de basalto e também nativo, com gramíneas e leguminosas como o trevo, a babosa, o bolão de ouro, entre outras. São pastagens limpas, com muitas pedras e pouca profundidade: criatório ideal para ovinos de corte, pois o tempo de engorda é reduzido.

O clima é de estações bem definidas: durante o verão a temperatura chega a 40º e no inverno à 5º negativos. Geadas constantes ocorrem durante a estação fria e queima as pastagens, prejudicando a alimentação dos animais. O inverno não é ideal para os nascimentos, devido ao frio e chuvas constantes.

O campo de Catacumbas é de qualidade inferior, com maior profundidade de solo e, por isso, no inverno são cultivadas aveia e azevém.

Um perigo é a erva daninha, Mio- Mio, que é bastante tóxica. As ovelhas nativas não comem esta erva, porém as provenientes de outras regiões precisam passar por um período de adaptação.O cabanheiro bate a erva no focinho dos animais para que eles se acostumem com o cheiro e passem a evitá-la.

 

O rebanho - Os proprietários criam Poll Dorset há 8 anos, com cruzamentos de Texel e Corriedale. A produção hoje, já com a maioria dos animais puros e tatuados (80%), tem o objetivo de produzir cordeiros com carne de qualidade. A propriedade também cria bovinos Angus para engorda e abate e o cavalo Crioulo para serviços.

A Estância pratica inseminação em ovinos.Há na região um programa de melhoramento de ovinos e bovinos, utilizando os animais como ferramenta para enterrar as sementes após o plantio.

Os primeiros reprodutores Poll Dorset foram adquiridos da Cabanha Arvoredo do Dr. João Alberto Guerra, em 2004, iniciando os cruzamentos com as raças Texel e Corriedale. Os registros CG’s tiveram início com a compra do 3º carneiro Poll Dorset e, a partir do 2º cruzamento, com a fêmea “Joia”.  Os sucessores iniciaram o investimento em ovelhas PO’s, adquiridas da fazenda Serrana, de Paulo Dzierwa (PR) e da Cabanha Santa Rita, de Cláudio Caldas (RS).

Adquiriram, em 2008, o Grande Campeão “Joia-34” de João Alberto Guerra (Arvoredo), que impulsionou a inseminação de todo o rebanho, incluindo as ovelhas puras. Hoje são registrados animais  puros com o afixo “Catacumbas”. O plantel conta com 2 fêmeas  “Panda” adquiridas de Paulo Dzierwa e 3 que eram de Cláudio Caldas. Estas são as grandes reprodutoras da Cabanha.

Hoje, o rebanho soma 227 cabeças de ovelhas na propriedade do distrito de Sarandi e já na outra  (Catacumbas) são 1.300 ovelhas para produção de carne.

A Estância Boa Esperança participou do “Leilão Top Ovinos”, que aconteceu no dia 30 de novembro de 2012. Os lotes somaram 20 ovelhas CG2 e CG3, com média de 75kg e três anos de idade. Os cordeiros de 4 meses tiveram média de 45kg e foram direcionados para o abate.

Há uma preocupação na cultura gaúcha em melhorar a genética, para obter produtos mais precoces, sem resíduos químicos e com melhor qualidade através do melhoramento da carcaça.

 

O manejo - O rebanho é criado totalmente a  campo com divisões de potreiros, com cercas de 5 a 7 fios. Os lotes são separados por categoria de idade ou pureza racial, com o cuidado de separar as fêmeas  com cobertura (12 meses e 2 dentes). As cordeiras são preparadas para a reprodução com 5 meses.

Somente os carneiros recebem um complemento à base de aveia, pois a região tem campo nativo de ótima qualidade para o restante do rebanho. O mesmo complemento é dado para os carneiros em coleta de sêmen, ou em preparo para a apresentação em Feiras.

A água é proveniente de aguadas naturais, açudes e de um poço artesiano de 5.000 litros/hora. O gado e as ovelhas recebem água fresca de caixas d’água.  A região tem sofrido muito com as secas nos verões, mas os poços artesianos conseguiram evitar perdas.

As ovelhas são colocadas em monta ou inseminadas nos meses de fevereiro e março. São apartadas quando é detectada prenhez através de ultrassonografia. A parição é feita normalmente a campo, num clima inóspito, onde os ventos e chuvas ocasionam grandes perdas. O reprodutor mais utilizado na propriedade é “Panda-34” que gerou mais de 800 filhos na última estação.

 

Sanidade - Os predadores naturais são o “sorro”,  o “javali” e o “carancho”, pois a fazenda localiza-se em área de preservação ambiental (APA de Ibirapuitã) e não pode combater os animais nocivos.  Apenas o javali pode ser abatido para consumo.

As doenças mais comuns são: verminose, hemoncos e as meíases.

Elas são tratadas conforme a infestação e necessidade. A propriedade não tem pedilúvio nem prática de casqueamento de forma rotineira.

A fazenda vem testando o uso de remédios homeopáticos, por meio de parceria e já vem obtendo alguns resultados na região.

 

Vendas - Os animais são vendidos em remates da raça e também para o abate, em parceria com o grupo Vitória (“Cordeiro Vitória”). Toda a produção tem peso médio de 45kg aos 4 meses e o valor de venda é R$ 4,00 por kg.

É obtido maior volume de carne com bom marmoreio em produtos cruzados, sendo que devido ao comprimento do lombo produz um carré de melhor qualidade. Toda a produção é direcionada para o frigorífico Vitória, recebendo um valor adicional pela fidelidade e também pela qualidade da raça Poll Dorset.

O Estado do Rio Grande do Sul encontra dificuldades para o escoamento da produção devido ao alto custo dos impostos e à burocracia na exportação para as outras regiões do país. Falta incentivo para a produção de ovinos de corte.

O Dorset conquistou a admiração dos criadores e consumidores pela qualidade da carcaça e pela finura da lã, sendo também respeitado pela sua dupla aptidão. São características desta raça:

 

a) Reprodução

 

1) Cio o ano todo.

2) Três partos em dois anos.

3) Entrada em reprodução precoce.

4) Partos múltiplos.

5) Habilidade materna acentuada.

6) Facilidade de parto.

7) Genética dominante em cruzamentos.

8) Rusticidade (resistência à verminoses).

9) Produção abundante de leite

 

b) Peso

 

10) Alta taxa de conversão alimentar.

11) Ossatura forte.

12) Menor tempo de engorda.

13) Rápido crescimento.

14) Terminação precoce de cordeiros.

15) Boa conformação muscular.

16) Excelente conformação de carcaça.

           

 

c) Carne

 

17) Carne campeã de torneios internacionais de suculência.

18) Carne saborosa e tenra (requisitada por grandes Chefs).

19) Indicada nos cruzamentos da Nova Zelândia, Austrália, EUA e Reino Unido.

20) Apontada como melhor carne do mundo moderno.

 

d) Lã

 

21) Boa qualidade de lã (branca).






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