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As secas, São José e a omissão dos governos

Autor: Pedro Reginaldo Gomes - 27/05/2013

O que existe é uma empulhação pelos políticos e pela mídia; ambos vivem da permanência ou ocorrência das tragédias; muito longe do bem-estar das pessoas que convivem com estas mesmas tragédias no dia a dia.

A água é questão de vida. Ela possibilita a vida dos seres vivos. Por aqui pelo Semiárido recebemos a água através das chuvas tão esperadas em cada período anual. O problema é que estão cada vez mais escassas.

Dia 19 de março, dia de São José passou e pouca ou nenhuma chuva nos rincões do Semiárido brasileiro! A despeito dessa data festiva as emissoras de TV trataram de levar ao ar reportagens tratando do tema. As reportagens que vi na TV fizeram uma ligação entre o dia de São José e a questão da seca a qual estamos a vivenciar, novamente, nos últimos anos.

Nelas o telespectador pôde assistir referências a esse fenômeno da natureza como causador de desastres, pelo que apresentaram agricultores desolados lamentando o fato de não poderem plantar e criar seus rebanhos. Como esperança de dias melhores, trouxeram às telas fiéis rogando pela interseção de São José para que mande chuva pros nossos campos.

Paradoxalmente, vimos os céus despejarem chuvas torrenciais no Sudeste brasileiro, levando casas e pessoas morros abaixo. Notem que os fenômenos, seca e chuvas em demasia repetem-se sazonalmente causando calamidade pública aqui e lá. Se São José é o santo que manda chuvas, na certa os fiéis do Sudeste estão rezando para não mandar mais. São José enlouquece com tanto barulho, não acham?

 

A seca sempre vem e faz grandes estragos para o sertanejo e traz grandes benefícios para os políticos.

Deus e as televisões

Sou daqueles que entende que não devemos nos desligar do plano espiritual. Se acreditamos é porque temos fé; devemos nos valer desse valioso instrumento que ajuda a atravessar nossos dias aqui na terra, desde que não nos aliene do plano material.

Com certeza, nesse dia 19 de março celebrou-se em diversos municípios do Semiárido brasileiro o dia de São José, eleito padroeiro da comunidade. Acho pouco provável que os fiéis tenham ouvido dos seus líderes espirituais, além do trivial “que é preciso ter fé”, ou ”que é preciso rezar”, algo mais sólido como “é preciso agir com vistas a que estejamos mais tranquilos nos próximos períodos de seca prolongada”.

Eles, padres e pastores, raras exceções e com medo de perder fiéis, não informam a existência de tecnologias simples, mais baratas, democráticas e eficientes que possibilitem a plena convivência do homem nas regiões semiáridas brasileiras. Não informam que tais tecnologias devem ser urgentemente objeto de políticas de Estado. Esqueceram a máxima de que “nem só de reza vive o homem”. Quanto muito, ostentando alienação, lembram apenas a atual transposição do rio São Francisco! Muito estranho...

Igualmente, não ouvimos isso nos noticiários mais assistidos veiculados desde o dia 19, tratando de São José e da seca. Para piorar, prestando um desserviço à humanidade, ouvimos relatos lamúrias, desolação, falta de esperança. Nossa!

Pé na terra

A respeito disso, alguém ouviu pronunciamento de algum governante seja ele das esferas municipal, estadual ou federal, tratando de programas para convivência com as secas, com propostas duradouras e até mesmo permanentes? Qual é o Partido político que tem, em seus programas, posição clara sobre a questão do Semiárido brasileiro e orienta seus agentes para fazer valer o programa junto às instâncias de governo? Nenhum! O Nordeste é apenas um celeiro de votos fáceis a serem semeados em uma tragédia e colhidos na próxima.

Nós, do Semiárido estamos abandonados, sem líderes políticos, sem líderes espirituais, sem autoridades sérias em Brasília, que nos façam sair da alienação a que nos submeteram durante séculos. O que vemos é um magote de fiéis rezando e se lamentando, desesperançados, abandonando seus roçados, suas terras queimadas. E os governos, aproveitam-se desse estado de desolação do povo, acalentada pela fé cega e pela ignorância, fazem vista grossa a um fenômeno que atualmente é objeto de calamidade pública, mas tem tudo para deixar de ser.

Nem tudo está perdido! Vejo que as organizações da sociedade civil como a Articulação do Semiárido, alguns órgãos do governo como a EMBRAPA, INSA etc. e todos aqueles que têm um novo olhar sobre essa região têm o desafio de massificar a divulgação e implantação dessas novas tecnologias. É imperioso fazer com que o homem simples perceba que ele tem outro recurso além da fé para tornar a vida menos desolada: conhecer e implantar as tecnologias atuais para convivência sustentável no Semiárido. É urgente, também, atuar para que sejam efetivadas através de políticas públicas a serem levadas a cabo pelos governos municipais, estaduais e federal.

Pedro Reginaldo Gomes - advogado,
ovinocultor em Picuí (PB), 20 de Março de 2013.






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