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Bode bom e cheiroso

- 01/06/2005

Aquilo até parecia mania de gente velha: o coronel fazia absoluta questão de desfilar pela cidade, orgulhosamente, levando seu valioso bode que, como o patrão, era altaneiro. Só que também era muito malcheiroso, para não dizer fedegoso.
Todo mundo se achegava ao coronel, com jeito, com mesura, com fala-mansa, afirmando que certos tipos de pêlos deixavam um odor diferente no ar. Às vezes, o mau odor até grudava nas roupas das pessoas. O coronel se fazia de bronco, nada entendia. Era como se ninguém estivesse falando com ele e, então, concordava e dizia que os fedorosos deveriam ser expulsos da cidade, e pronto!
Nos domingos, lá estava o coronel perambulando com o bode principesco. Nos bastidores, na boca-miúda, nos botequins e nos bancos do jardim, a conversa sempre era a mesma: o bode era mesmo lindo de morrer, mas fedido de matar.
Por seu lado, o bode sabia que todos estavam compreendendo que aquele perfume era seu símbolo de virilidade, sua bandeira desfraldada afirmando que não havia cabrita na vizinhança que não esvidraçasse os olhos por tão galante macho. De fato, a filharada do bode malcheiroso multiplicava todos os anos, tanto na fazenda do coronel como nas vizinhanças, pois o distinto animal não se fazia de rogado quando lhe era solicitada a graça de bem atender os reclamos de jovens donzelas do reino cáprio.
Os meses passavam, o bode desfilava, sempre sorridente e o povo sempre tapando o nariz. Um dia chegou à cidade a velha professora, fundadora das letras da cidade, que ensinara o bê-a-bá ao coronel e, lá pelas tantas, sentindo o estranho odor no ar, logo tomou pé da situação e, com a boa educação que a vida lhe dera, fez um bom discurso na surdina ao coronel. Todo mundo só ouviu o final: "Deixa comigo".
No dia da missa, lá vem o coronel, desfilando o soberbo animal. Epa! Nada de soberbo! Estava amuado, quase arrastado, esfregando-se no pelame e se lambendo todo, gosmento. As pessoas cheiraram, cheiraram, e nada! O animal não só deixara o reino dos malcheirosos como entrara para o reino dos bencheirosos. O coronel, diante da velha professora, gastou o melhor galanteio que conhecia:
- É, o bode até que não gostou, mas está como a senhora pediu. Tomou um banho da mais fina colônia do boticário.
O povo aplaudiu. Agora, sim, o bode podia até estar feioso, mas estava cheiroso de fazer gosto.





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