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Um Zé Feliz

- 01/04/2007

 No antigo e velho Pajeú, todos viviam do roçado, tristes, com roupa suja no la­jedo, com cabritas magras esperan­do outro dia, com salário minguado pago pe­lo Seu Antero, homem duro na ­queda, de pouca prosa e muita ação. Com ele não tinha mais-mais, nem lero-lero, só tra­­balho duro.
Um dia, chegou o Zé, de sorriso es­cancarado, doido por um serviço que pa­gasse o comer. Arranchou-se num case­bre no fundo da fazenda, vazando luz pe­lo barro caído, mas nem isso derrubou o sorriso maior que o mundo.
Casa suja, abandonada? Nada disso. Zé arranjava pontinha de tempo, amassava barro, tapou os buracos varejados, arrancou os matos e tratou de arranjar uma cabra emprestada, pra quem ele perambulava à cata de mato fresco, todo santo dia. A cabra gostou e aumentou o leite que nem existia.
A casinha do Zé ganhou destaque, tornou-se bonita, combinando com aquele sorrisão.
Vivia alegre, suado, como Deus bem queria e logo veio o apelido: "Zé Feliz". Nem podia ser outro. E chovia pergunta:
- Zé, como é que você trabalha cantando, suando, pra ganhar a mesma mi­xaria que nós?
A resposta veio deslizando:
- Ôxa! Só tem esse trabalho! Não tem do que reclamar. É pegar ou largar. Se eu não gostar, eu largo. Não tem por­que reclamar. E é fácil ajeitar aqui, ­ajeitar ali, tudo fica bom.
Os outros, acostumados a ouvir que o patrão era gente ruim, que eles eram vítimas do destino, que deviam deixar tudo abandonado, rebentando-se no sol, co­mentaram:
- Como pode alguém pensar assim? Isso não é normal? Não tem nada pra ser feliz aqui nesse sertão.
A alegria do Zé cruzou porteira, cruzou cerca, chegou à casa-grande. Seu An­tero viu a cabra engordando, dando um leite, tentou tomar do Zé Feliz e ele só rebateu: "Pode levar, é só me dar ou­tra". Foi aí que Seu Antero viu que esse ca­bra não rejeitava serviço, nem ­amuava, nem perdia a esperança. Para ­arrematar, ainda dava aquele sorriso cada vez mais largo, sem assombro.
Zé Feliz começou a passear ­sempre com a cabra gorda, cada vez mais ­gorda, com ubrão de meter inveja. Era ele e a cabra. Um dia, Seu Antero destrambelhou a conversa:
- Zé Feliz, vejo que você ­cuidou da casa, cuidou do quintal, cuidou da água, cuidou da primeira cabra, cuidou da segunda, não faz mole-mole, então estou pen­sando em lhe dar alforria do trabalho e ser meu capataz.
Foi assim que Zé Feliz ga­nhou até um jumento para andar pela terra e ir até os povoados, fazer mandados do Seu Antero. E todos perguntavam, esverdeados pela inveja:
- Por que uns dão certo e outros dão com burro n´água?
Foi Zé Feliz quem respondeu:
- Sei não. Meu destino é meu, só meu. Então pra que viver mal? A gente ajeita aqui, ajeita ali, tudo fica nos conformes, como Deus quer. A gente não po­de viver triste, pois tristeza atrapalha os planos de Deus. Eu ajudo a cabra, ela me ajuda, todo mundo pode se ­ajudar, não tem motivo pra tristeza.
Foi assim que, mais uma vez, uma cabra deu uma lição de vida para muita gente. As cabras são o retrato dos donos: cabra feliz, homem feliz.
Publicado no Be 100





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