A revista "O Berro" lutou para fazer, em 30 anos, o que não havia sido feito nos 500 anos de descobrimento do Brasil: dar uma fisionomia à caprino-ovinocultura. Fisionomia de atividade econômica, ou seja, algo que dá lucro! Parece que conseguiu, em parte, pois a ovino-caprinocultura saiu do quase-zero, em 1970, para um momento de intensa euforia no mercado dos pequenos animais, em 2005. Pode parecer muito, para alguns, mas é pouco, diante do que poderia ter sido, diante do que pode ser e também diante do que vai ser.
O objetivo de qualquer veículo de comunicação é acelerar o desenvolvimento: é fazer em menos tempo aquilo que levaria muito tempo.
Em sua curta existência, a revista "O Berro" conseguiu lançar um livro de catalogação de mais de 90 raças criadas no país e também um livro enciclopédico para servir de base para os iniciantes em geral. Já havia passado 500 anos e não havia uma catalogação de cabras e ovelhas criadas no país. Ao menos nesse quesito, o Brasil, agora, está passo a passo com os demais países.
Distribuindo revistas, gratuitamente, para milhares de leitores diferentes - todos os meses - a revista conseguiu estimular o mercado a um ponto que se mostra tão competitivo como o dos bovinos. De fato, as estatísticas mostram que a média anual das vendas em leilões de ovinos e caprinos são iguais e, em muitos casos, superiores às verificadas entre os bovinos.
A TV e o mundo
Agora que a China e a Índia estão entre os países que mais crescem no mundo, o consumo de carne ovina e caprina irá se multiplicar. É preciso produzir 10 ou 20 vezes mais carne do que antes. Como fazer isso se não existe terra a ser desbravada no mundo dos carneiros de outros países? Somente nas festas religiosas, cada família de israelitas, de muçulmanos e de outras religiões orientais, deveria abater, ao menos uma vez por ano, um cordeiro. Não um carneiro velho, mas um cordeirinho, animal novo, produzido com boas técnicas, dentro do preconizado pela própria religião.
Este mercado é tão grande que os Estados Unidos e outros países estruturam sua produção tentando oferecer produtos de acordo com um calendário religioso - e não conseguem, por falta de animais (e de terras). Este mercado só poderá ser atendido se o Brasil entrar no circuito de produção intensiva de cordeiros e de carne.
Há também o consumo em restaurantes de luxo, que exigem animais de carcaça padronizada, dentro de regras internacionais. O Brasil, ao invés de produtor, neste quesito, é comprador. Ou seja, está longe de chegar a ser um exportador.
No mercado de peles, o país sequer está engatinhando, embora - no passado - houve pessoas que fizeram fortuna vendendo peles de caprinos e ovinos sertanejos. O sol do sertão transforma a pele das "miúnças" na melhor do planeta. Isso vale uma fortuna no mercado mundial, mas sabe-se que, de cada lote de 100 peles, cerca de 85 são praticamente imprestáveis para uso industrial. Falta aqui estimular a produção para vender uma pele, não por R$ 1,50 ou R$ 3,00 mas por R$ 15,00 ou mais de R$ 30,00. Se a pele for beneficiada, pode atingir R$ 80,00 ou mais. Esse mercado, no entanto, é dominado por meia dúzia de industriais no planeta, mas o Brasil poderá começar disputando uma fatia, palmo a palmo. Um negócio para milionários.
Na área do leite, o país apenas engatinha. A produção mal é calculada, pois em raros casos o leite consegue chegar a um laticínio. Geralmente é transformada em queijos sertanejos e vendidos nas feiras, ou atende pessoas carentes (doentes, idosos, etc.) que compram na porteira. O crescimento da produção leiteira de cabras e de ovelhas poderia ser algo para garantir milhões de dólares para o país. O mundo gostaria de comprar muito leite de cabra, que tem mil serventias terapêuticas, e é bom até para colocar nos chocolates!
A TV e o Brasil
O único país que tem um fabuloso chão a ser ocupado por ovinos e caprinos é o Brasil. De fato, o país tem mais de 4,5 milhões de propriedades pequeníssimas, onde podem ser criados caprinos e ovinos, para alguma finalidade. As propriedades leiteiras somam cerca de 1,5 milhão e estão vivendo momentos difíceis, surgindo então os ovinos e caprinos como alternativa. Milhares de granjas (avícolas) foram desativadas e seus galpões vão sendo ocupados para confinamento de ovinos.
Afora esses territórios em áreas já exploradas, há a imensidão dos Cerrados, dos Campos, dos Cocais, da Amazônia - tudo para ser ocupado com pecuária racional, o que inclui destacar pequenas glebas para os ovinos ou caprinos (de corte) entre as pastagens destinadas aos bovinos.
A TV e o espaço
Por que os ovinos e caprinos não ocuparam, então, grandes espaços no país? Por serem animais de uso próprio, ovinos e caprinos dificilmente são mencionados nas estatísticas oficiais. Afinal, não há um abate oficial para quantificar o rebanho brasileiro, nem há produção de peles em escala industrial. Assim, as estatísticas sobre ovinos e caprinos são um mistério.
Com enormes fatias de terra sendo desmobilizadas para ceder lugar à cana-de-açúcar, ou à soja, vão surgindo as pequenas glebas onde os ovinos irão produzir carne para os trabalhadores rurais, em geral.
Ora, se o interesse político é gerar trabalho no campo, então os ovinos e caprinos são uma notável opção, pois são mais exigentes que os bovinos, pois são animais de ciclo curto. O que isto significa? Que, enquanto um bovino nasce, cresce e chega à idade de abate, várias gerações de ovinos já fizeram o mesmo percurso. Ao se fazerem as contas, a produção de carne de ovinos pode ser muito lucrativa. Negócio lucrativo para os frigoríficos de bovinos que podem abrir um espaço para a carne de ovinos.
A TV e a cultura
Se ovinos e caprinos são tão bons, então por que sempre foram tratados como "coisa de pobre"? Essa expressão nunca foi brasileira, mas francesa. No Nordeste, quem tem um rebanho vive bem! No Brasil, por outro lado, o campo sempre foi mantido num regime de miséria cultural. Em parte porque não há livros que instruam o campesino, uma vez que a celulose brasileira (que deveria produzir milhões de livros para os brasileiros) acaba sendo exportada para produzir livros para as pessoas de outros continentes. Assim, os brasileiros ficam sem livros, ou seja, sem cultura.
Por conta dessa miopia, as escolas ensinam tecnologias estrangeiras para os brasileiros. É claro que tecnologia estrangeira não pode dar certo no clima tropical - qualquer sertanejo sabe disso, mas - se não tem cão, ele continua mantendo o gato! Os sertanejos nordestinos, por sorte, contam com mais de 400 anos de muitas tradições, as quais garantem a manutenção de seus rebanhos. Também no extremo sul, os gaúchos desenvolveram tecnologias próprias para ovinocultura de lã.
O resto do Brasil, no entanto, é altamente carente de tecnologia a respeito da criação de ovinos e caprinos para carne. Nesta imensidão, no entanto, é onde se dará a formidável produção de carne e de peles, no futuro.
Para isso, é preciso didática, em ritmo acelerado. Jornais, livros e revistas já fizeram bastante, mas agora chegou a vez de uma televisão entrar na área didática, para trazer o futuro mais para perto.
A TV do Berro
A televisão - ou TV do Berro - portanto, pode fazer em 5 anos, o que as revistas levariam mais de 50. Afinal, logo de início serão disponibilizadas mais de 18 milhões de parabólicas e milhões de expectadores por outras vias. Jamais uma revista poderia ter esse alcance imediatista.
Não será tarefa fácil, pois o objetivo é promover, incessantemente, a expansão do rebanho chegar a mais de 100 milhões de cabeças. Parece loucura para os desavisados, mas quando a revista "Agropecuária Tropical", na década de 1970, dizia que o rebanho bovino chegaria a quase 200 milhões pouco depois do ano 2000, muitos afirmaram que isso era tolice!
Hoje, ninguém duvida de um rebanho bovino de 200 milhões de cabeças! A previsão estava correta. Hoje, ironicamente, o país pode se dar ao luxo de reduzir esse contingente e, ao mesmo tempo, aumentar a produção de carne, devido ao aporte de tecnologia moderna.
O mesmo irá acontecer com os ovinos: chegar a um rebanho de 100 milhões é tarefa fácil, quando se calcula o espaço que já foi ocupado por 200 milhões de bovinos. É comum constatar que, a princípio, onde cabe uma vaca, podem ser colocadas entre 3 a 8 cabeças de ovelhas ou cabras.
Pensar em facilidades, porém, não é realidade para quem vai para o campo. A atividade rural não é nada fácil. Jamais seria prudente iludir os iniciantes. Vale repetir que ovinos e caprinos, por serem animais de ciclo curto, exigem trabalho multiplicado, e muito mais atenção. Ademais são animais gregários, o que significa que, se um adoece, outros podem adoecer logo em seguida.
Isso é empecilho? Claro que não, pois o país criava galinhas-carijós no quintal e jamais imaginaria que, em apenas 50 anos, elas desapareceriam do fundo de casa e iriam ser criadas apenas em granjas industriais. Hoje, fala-se em galinhas transgênicas! O mundo transformou-se e o mesmo vem acontecendo com todas as atividades.
A TV do Berro, portanto, não chega, sozinha, para estimular os rebanhos. Ela chega com a informática, com milhares de novidades mecânicas, químicas, farmacêuticas, etc. Então é bem fácil garantir sucesso à ovino-caprinocultura.
A equipe da TV do Berro
A parte didática e jornalística da TV do Berro continuará sendo exercida pela revista O Berro, que tem obtido sucesso em três décadas. A parte técnica está sob responsabilidade de Alci Costa Leite, da TV Santa Inês (que deixará de ser transmitida) e de Fabiana Haik (especialista em cinema), que já tem uma equipe disciplinada para a direção.
Os estúdios estarão divididos em várias cidades, envolvendo o país inteiro. Serão três equipes móveis circulando pelos sertões buscando tudo que vai acontecendo com a ovino-caprinocultura.
O programa será transmitido - todos os dias - cedo e à noite. De manhã: das 08:00 às 08.30; à noite: das 20:00 às 20:30 horas. Aos domingos: das 09:00 às 10:00 horas.
O objetivo didático do programa é somar conhecimentos, ou seja, a pauta é traçada de acordo com os conhecimentos inseridos. Não será, portanto, uma TV típica de entrevistas ou de vendas de animais, mas sim um programa normal, com muitos quadros diferentes - bem ao gosto do público acostumado à revista O Berro - e também com novos ingredientes.
O papel da TV
Só existe um caminho para o sucesso da atividade: produzir carne em larga escala. Também leite. Também pele. Também estrume. Também outros derivados. Essa é a mentalidade que se espera dos empresários.
Apenas uma minoria continuará se dedicando à alta genética, como em todos os países. A maioria praticará toda sorte de cruzamentos para obter mais carne ou leite em sua região. Para cada situação há um animal correto e ele será sempre um mestiço tropical.
O que isto significa? Que muitas raças poderão ser criadas nos 40 microclimas do país. Cada um poderá exigir um produto adequado, o qual garantirá mais lucro naquela determinada circunstância.
Imitar o vizinho pode não ser a melhor opção, quando o solo, o clima, os ventos, a vegetação mudaram. Assim, há um enorme campo para pesquisas, para os zootecnistas, para os veterinários, para os agrônomos, para os técnicos de gestão rural.
O papel da TV do Berro será juntar todos os técnicos, todas as tecnologias, toda a tradição reservada no Nordeste, Sudeste, Sul, Centro-Oeste e Norte.
O papel da TV do Berro será caminhar junto com os empresários rurais, com os olhos voltados para cima, sempre para mais alto, pois esse é o destino do Homem.
Afinal, ovelhas e cabras fazem parte da cultura da humanidade, pois Abraão, Isaac, Jacó e todos os grandes personagens da Bíblia, bem como de outros livros sagrados, tiveram sua subsistência garantida, sempre por esses pequenos e fantásticos animais.
O Público Rural
97% assistem televisão.
51% consideram a televisão o melhor meio de mensagem sobre lançamentos, usos, características de produtos, máquinas e equipamentos.
64% vivem na propriedade.
74% possuem antena parabólica.
11% possuem TV por assinatura SKY.
30% possuem microcomputador ligado à internet.
Publicado na Revista O Berro n. 99
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