A fase de produção compreende o período desde a concepção até o desmame, incluindo, portanto, a prenhez, o parto, o período de amamentação. Todos esses aspectos são importantes para que se maximize o desfrute dos rebanhos caprinos e ovinos, independentemente de serem explorados para corte ou para leite.
A fecundação, decorrente da interação entre o óvulo e o espermatozóide, e a subseqüente concepção são fortemente influenciadas pela condição corporal da fêmea na época da cobertura ou inseminação artificial, e pela qualidade do ejaculado ou da dose inseminante. A porcentagem de concepção e a de sobrevivência embrionária influenciarão diretamente a prolificidade, isto é, o número de crias nascidas por fêmea parida. Durante os dois primeiros terços do período de prenhez, as exigências nutricionais das matrizes são similares àquelas para mantença. À medida que a prenhez avança essas exigências mudam vertiginosamente, uma vez que 60% a 70% do peso da cria ao nascer representam ganhos no transcorrer do último terço da prenhez. É mister ressaltar, também, que a produção diária e a duração do período transcorrido entre o parto e o pico de produção de leite, a manutenção da lactação e o retorno da fêmea ao estro e da ovulação durante o pós-parto são influenciados pela condição da matriz ao parto.
A sobrevivência e o desenvolvimento ponderal das crias em explorações caprina e ovina para corte e no transcorrer das quatro primeiras semanas de vida são diretamente influenciados pela produção de leite das matrizes e pelos cuidados com as crias recém-nascidas, evidenciando-se a importância do corte do umbigo e o tratamento do coto umbilical com tintura de iodo a 10,0%.
Durante o último mês da prenhez, é importante manter as cabras e ovelhas em área plana, sombreada, dotada de água de boa qualidade e próxima ao centro de manejo. Em tratando-se de exploração caprina leiteira, ao se aproximarem as datas prováveis dos partos, as matrizes podem ser mantidas em baias individuais ou coletivas, desde que amplas, secas, ventiladas, forradas com cama e com disponibilidade de água. Durante o parto, é importante deixar as leis da natureza exercerem o seu papel e toda e qualquer intervenção somente deve ser feita por pessoal técnico habilitado e qualificado para fazer um parto. A expulsão dos envoltórios fetais ou placenta deverá ocorrer no período de oito horas, mas, em nenhuma situação, os envoltórios devem ser puxados ou tracionados, bem como não existe necessidade de que sejam aplicados medicamentos na matriz, na expectativa de acelerar a expulsão dos envoltórios.
As crias caprinas e ovinas podem sobreviver e desenvolver sem leite já a partir dos 49 dias de idade. A duração do período de amamentação deve ser, no entanto, programada em função direta do tipo de exploração, isto é, corte ou leite. Neste caso, em geral, a duração máxima recomendável é de 72 horas, enquanto o período de aleitamento deve ter uma duração variável entre 49 e 63 dias.
Na caprino-ovinocultura de corte, o período de amamentação não deve ser superior a 84 dias e a decisão sobre a idade do desmame deve ser tomada em função da duração do intervalo entre partos (IEP) e da decisão sobre o início da estação de monta (EM) após o parto. Recomenda-se um IEP com sete a oito meses de duração, dando-se início a EM entre 45 dias e 65 dias após a ocorrência do primeiro parto no rebanho, enquanto o desmame deve ser procedido quando as crias atingirem a faixa etária de 70 dias a 84 dias. É fundamental que as crias a serem desaleitadas ou desmamadas estejam adaptadas ao consumo de alimentos sólidos, isto é, forragens em forma de feno e de silagem, mistura concentrada etc., bem como ao pastejo direto.
Aurino Alves Simplício é pesquisador e Chefe Geral da Embrapa Caprinos.
Título original: Fase de produção de caprinos e ovinos.
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