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Prolificidade e produção ovina

Autor: Carlos Jose Hoff de Souza e José Carlos - 06/10/2008

Até os anos 90, os sistemas de produção ovina no Rio Grande do Sul eram essencialmente focados na produção de lã cuja rentabilidade econômica era satisfatória e praticamente supria as demandas de custeio de suas atividades. Neste contexto, a taxa de cordeiros nascidos não se constituía no principal interesse dos produtores rurais, sendo até relegada a um segundo plano em sistemas em que a maior fração da lã produzida advinha das ovelhas de cria. Isso pelo fato de que os maiores requerimentos das ovelhas durante a gestação e lactação podem comprometer a qualidade e quantidade de lã produzida, quando existe limitação na oferta de forragem.

As raças tradicionalmente criadas na região Sul têm uma taxa de ovulação em torno de 120% durante a estação reprodutiva outonal. As raças lanadas com maior aptidão para a produção de carne, introduzidas posteriormente, apresentam taxas de ovulação ainda superio­res em seus locais de origem, que resul­tam em taxas de nascimento e desmame superiores a 100%.

Considerando esses fatos, é possível supor que existam ovelhas “espe­ciais” e que em condições normais de criação tenham partos múltiplos. No final da década de 70, na Nova Zelândia, efetuou-se um levantamento da ocorrência de ovelhas excepcionalmente férteis, que tivessem parido pelo menos três conjuntos de triplos das raças Romney Marsh, Coopworth e Perendale. A despeito das dificuldades para sua continuidade, esse levantamento proporcionou a identificação de pelo menos onze variantes em diversos genes que podem contribuir para a formação de linhagens de animais mais prolíficos.

A primeira mutação de efeito principal na prolificidade foi identificada na ra­ça Merino, sendo denominada e reconhecida como Booroola. Essa mutação foi introduzida em um rebanho experimental da Embrapa Pecuária Sul ainda na década de 80. Concluiu-se que seu uso em heterozigose proporcionava um incremento na taxa de nascimento em 150%, com proporcional aumento na taxa de mortalidade, porém, ­viabilizando em sistemas extensivos de criação cerca de 100% de cordeiros desmamados por ovelha acasalada. Naquela época, seu uso na produção não foi recomendado para rebanhos voltados à produção de lã, pelas dificuldades de identificação do fenótipo das ovelhas e carneiros portadores, gasto de energia para gestação de alto número de produtos com alta taxa de mortalidade e ainda pelos prejuízos na qualidade da lã produzida em função dos cruzamentos. Essa mutação já está identificada no nível molecular e os animais porta­dores podem ser identificados por uma simples reação laboratorial. A possibilidade de uso dessas linhagens mais prolíficas com enfoque de produção animal no Rio Grande do Sul está em fase de investigação. Considerando que atualmente os rebanhos são menores, recebem maiores cuidados por parte dos produtores e visam, principalmente, a produção de carne. A eficácia reprodutiva é, portanto, um importante objetivo de seleção.

A possibilidade de existência de outros genes de efeito principal sobre a taxa de ovulação e prolificidade está sendo investigada através de um levantamento fenotípico no banco de dados da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos. Na tabela pode ser verificado o número de ovelhas de raças lanadas que tiveram partos triplos entre 2003 e 2006 cujos produtores já estão sendo contatados para uma avaliação mais mi­nuciosa da possibilidade da ocorrência de ovelhas especiais mais prolíficas. Os casos identificados estão sendo investigados pelo pedigree e históricos nas propriedades. De posse desses dados e da disponibilidade dos produtores em per­mitirem acesso aos animais, serão efetivadas colheitas de sangue dos aparentados de ambos os sexos para extra­ção de DNA e inclusão em um banco de DNA genômico para futuros estudos de genes candidatos.

Na raça Ile-de-France, foram identificadas 41 ovelhas com partos triplos em 18 propriedades. Provavelmente, esses animais refletem apenas os casos de nascimentos triplos que sobreviveram e todos os produtos foram registrados na Arco. A Embrapa Pecuária Sul junto com a Associação de Criadores da Raça Ile-de-France (ABCIF), tem mantido contato com os produtores e colhido dados e amostras para estudos das causas genéticas da prolificidade.

Aqui, o objetivo principal é salientar a importância da prolificidade e estimular os produtores a informar a ocorrência de ovelhas que tiveram partos triplos e que não foram incluídos nos registros oficiais da Arco. Esta informação vai colaborar com a Embrapa Pecuária Sul na formação futura de linhagens mais prolíficas de ovinos em raças criadas no Brasil.

 

Nota da Associação

 

Esta pesquisa já está sendo desenvolvida e vários rebanhos já tiveram amostras de sangue coletados. A intenção da ABCIF é identificar estes animais hiperprolíficos e oferecer aos selecionadores e produtores de ovinos a opção de utilizar animais realmente melhoradores nos seus rebanhos, para as características desejadas. Este estudo já foi realizado em outros países. Na França, por exemplo, há dados consistentes sobre o assunto. A seleção em ­bases sólidas também é um desejo da maioria dos criadores e as provas de desempenho em que participam o Ile-de-France atestam-no para o que foi selecionado.

 

 

Carlos Jose Hoff de Souza é pesquisador da Embrapa Pecuária Sul e José Carlos Ferrugem Moraes é médico veterinário e pesquisador da Embrapa Pecuária Sul.

 

 

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